Análise de Toda saudade que ficou em mim, de Adriano Silva.
"E não é a vida uma beleza? Uma beleza entediante em muitos momentos, eu diria."
Sabem aquele papo de que saudade é uma palavra que só existe na língua portuguesa? Então, é verdade. Mas não por motivos etimológicos (sabem que toda língua românica tem um ancestral comum, né?), e sim semânticos, aqueles presentes de forma universal em todas as línguas.
Apenas na língua portuguesa saudade tem como significado o sentimento melancólico que nos atinge pelo afastamento de algo ou alguém. Sentimento esse tão abstrato, que é aparentemente impossível de ser descrito com precisão.
Aparentemente.
"O tempo é aquele inimigo voraz e resolve aqueles assuntos do passado."
Toda saudade que ficou em mim é uma pequena coletânea de três contos que faz com que o leitor experimente essa sensação de vazio e incompletude. Os contos são independentes um do outro e têm como propósito decodificar a sensação abstrata da saudade.
No primeiro conto, que leva o título da coletânea, o narrador, por meio de memórias vívidas, resgata a presença de um amigo que se foi. O segundo conto é escrito em terceira pessoa e narra o cotidiano de Erick, que após receber um fora do namorado, passa a devanear sobre a própria trajetória e o sentido de sua existência. E o terceiro conto é narrado pela mãe de Pedro, um rapaz que vive uma trágica história de amor com Mariana, uma linda moça de olhos verdes.
"E eu lhe pergunto quem manda no coração."
Como descrito na sinopse, os textos terminam de forma abrupta, de modo a ressaltar a dor vivenciada no papel pelos personagens. Afinal, o que causa a saudade senão a ausência do que faz parte de nós?
Não se engane com a quantidade de páginas da coletânea. Os textos são intensos e as palavras, precisas para fazer com que o leitor sinta toda a complexidade da saudade e veja o quão palpável é esse sentimento designado abstrato.
Li pelo KU.
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